A Copa do Mundo de 1990 foi a 14ª Copa do Mundo disputada, e contou com a participação de 24
países. Num total de 112 países participaram das eliminatórias. O campeonato ocorreu na Itália. Foram marcados 115 gols, 52
foram de bola parada.
A Itália, dona da casa, era grande favorita ao título. O Brasil, campeão sul americano, comandado pelo
técnico Sebastião Lazaroni, adotou o sistema com líbero, com dois laterais, chamado 5-3-2, tornando irreconhecível o time
canarinho. A Copa de 1990 passou para a história como uma copa de equipes defensivas, que jogavam apenas para alcançar o resultado.
Brasil e Argentina eram os maiores expoentes desta síndrome.
A seleção brasileira, dividida por brigas internas, foi precocemente eliminada. Após passar com dificuldades
pela primeira fase, apesar de 3 vitórias (2 a 1 na Suécia com dois gols de Careca, 1 a 0 na Costa Rica e 1 a 0 na Escócia)
com um gol de Müller a 10 minutos do fim do jogo). o Brasil caiu nas Oitavas de Final, frente à Argentina por 1 a 0 (o gol
foi de Claudio Caniggia, em uma única jogada genial de Maradona). O Brasil lutou, mas perdeu várias chances de gol. Foi a
pior campanha brasileira desde 1966.
Se o Brasil não esteve entre os destaques da Copa, a seleção de Camarões foi a grande surpresa do mundial.
Liderada pelo experientíssimo Roger Milla, a equipe africana surpreendeu a Argentina, campeã mundial, e venceu por 1 a 0 no
jogo de abertura da copa, (gol de François Omam-Biyik de cabeça, com a colaboração de Nery Pumpido). Avançou até as Quartas
de Final, com vitórias sobre a Romênia 2 a 0, (dois gols de Milla) e Colômbia 2 a 1 (com mais dois gols de Milla, que ao marcar
seu segundo gol, tirou a bola do goleiro René Higuita), mas perdeu por 3 a 2 da Inglaterra, em um jogo sensacional com viradas
dos dois lados e dois pênaltis, ambos convertidos por Gary Lineker, artilheiro da Copa do México.
A Itália, dona da casa, estreou com um gol salvador do reserva Salvatore Schillaci, contra a Áustria
1 a 0. Os italianos ainda venceram por 1 a 0 os EUA mas desperdiçaram um pênalti, defendido por Tony Meola, 2 a 0 frente à
Tchecoslováquia, de Tomáš Skuhravý, com um golaço de Roberto Baggio, 2 a 0 o Uruguai (gols de Schillaci e Aldo Serena)
e 1 a 0 a Irlanda chegando às semifinais. Na Semifinal se defrontou com a Argentina que obteve uma campanha fraca, dependendo
quase que unicamente de Diego Armando Maradona, com futebol apenas razoável, defensivo, que contou com muita sorte na vitória
contra o Brasil (3 bolas contra sua trave) e com o milagreiro Sergio Goycochea no jogo contra a Iugoslávia, nos pênaltis.
A Alemanha Ocidental, treinada por Franz Beckenbauer, percorre seu caminho em direção ao título com
a seguinte campanha: 4 a 1 na Iugoslávia, 5 a 0 nos Emirados Árabes Unidos, 1 a 1 com a Colômbia com dois gols nos minutos
finais de jogo, (Pierre Littbarski aos 44 e Freddy Rincón aos 47) 2 a 1 na Holanda e 1 a 0 na Tchecolováquia até as semifinais.
Nas semifinais, ocorrem dois clássicos: Alemanha X Inglaterra e Argentina X Itália. No primeiro jogo,
uma das maiores rivalidades da Europa, muito equilíbrio, e um empate em 1 a 1 com gols de Andreas Brehme para o time alemão
e Lineker marcou para os ingleses. A Inglaterra não chegava nas semifinais desde a Copa de 1966, quando foi campeã e, mesmo
tendo um de seus melhores times em Copas com jogadores talentosos como Lineker, Paul Gascoigne, David Platt, Ian Wright, e
o veterano goleiro Peter Shilton, não conseguiu furar o bloqueio alemão e a decisão foi para os pênaltis, onde pesou a tradição
da Alemanha, que venceu por 4 a 3 e chegou à sua terceira final consecutiva, um recorde inédito até então.
"Desculpe Dieguito, nós te amamos, mas a Itália é a nossa pátria". Essas palavras expressavam
o sentimento da torcida italiana no Estádio San Paolo, em Nápoles, onde Argentina e Itália se enfrentariam. Foi lá que Maradona
viveu seus melhores dias na carreira. Começa o jogo, os italianos dominam e Schilacci faz 1 a 0. A Argentina se recupera em
campo, mostra um futebol e uma auto-confiança que não mostrara e Caniggia empata. O empate persiste na prorrogação e a decisão
da vaga também vai para os temidos penais. A torcida napolitana torce para que, só desta vez, Maradona erre o pênalti, mas
ele marca. Goycochea brilha, defende dois pênaltis e a Itália, anfitriã e talvez a maior favorita ao título no início da competição,
dá adeus ao tetracampeonato.
No estádio San Nicola, em Bari, na decisão do terceiro lugar, Itália e Inglaterra fazem um jogo de
anticlímax mas que acaba ganhando contornos mais emocionantes em seu desenvolvimento, se tornando um jogo bastante disputado.
A Itália ganha o terceiro lugar por 2 a 1 com um gol de pênalti de Schillaci, que, desta forma, se torna o artilheiro da Copa.
Apesar de não terem chegado às finais, tanto os jogadores italianos quanto os ingleses demonstraram estar orgulhosos pela
campanha de suas seleções e a entrega das medalhas pelo 3º lugar se tornou um dos momentos mais marcantes da Copa de 90.
Chega o dia 8 de julho de 1990. No Estádio Olímpico de Roma, a Alemanha Ocidental de Lothar Matthäus
e a Argentina de Maradona fariam a revanche da Copa do Mundo de 1986. El Pibe de oro, que já era "odiado" pelos torcedores
romanos por sua atuação em Nápoles, se vingou, chamando palavrões para a torcida, que vaiou o hino argentino. Ele se tornou
um dos mais hostilizados pela torcida devido à eliminação italiana na semifinal. Os argentinos buscavam o tricampeonato mundial
mas, depois de dois vice-campeonatos consecutivos, a Alemanha não deixaria o título escapar e domina amplamente a partida.
Maradona e Jorge Burruchaga, a dupla que desmantelara a zaga alemã no jogo final da Copa de 1986 com jogadas rápidas, desta
vez havia sido bem neutralizada por uma forte marcação e a tática argentina de atuar nos contra-ataques não resulta em perigo.
Resta aos hermanos segurar o empate em busca de um lance isolado, como acontecera contra Brasil e Itália dias antes
ou levar a decisão nos pênaltis, onde Goycochea sempre se destacou. A Alemanha, de tanto pressionar, chega finalmente ao gol
do título. Aos 84 minutos, Jürgen Klinsmann bate falta próximo da área e na seqüência da jogada, Pedro Monzón, que havia entrado
no 2º tempo, comete pênalti duvidoso em Rudi Völler. Maradona reclama e recebe cartão amarelo. Brehme bate rasteiro no canto
e Goycochea, desta vez, não pega. Faltava muito pouco para o fim da partida e a Argentina não teria condições de reagir. A
Alemanha conquista o tricampeonato. Franz Beckenbauer se torna o primeiro europeu (e o segundo campeão de Copa do Mundo) a
ser campeão do torneio como treinador e jogador. Apesar do gol do título ter vindo de um lance duvidoso, o título germânico
foi incontestável. A Alemanha Ocidental tinha a equipe mais sólida do futebol mundial, contando com jogadores como Klinsmann,
Völler, Pierre Littbarski, Matthäus, Brehme, Jürgen Kohler, Bodo Illgner e Thomas Häßler vivendo o melhor momento das carreiras.
Lothar Matthäus recebeu, ainda em 1990, a Bola de Ouro e o prêmio de Melhor Jogador do Mundo. A Copa de 1990 serviu também
como uma homenagem simbólica a um país que seria reunificado poucos meses depois.